quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Como o novo DmC é um retrato da nossa sociedade.


Eu sou preguiçoso pra escrever, tenho duas histórias legais de livros pra escrever mas nunca decido por começar logo. Minha amiga Danielle me disse pra escrever mais, já estava com um teto na cabeça, então vamos lá.

Recentemente estive jogando o reboot da série Devil May Cry, mas não estou aqui pra falar se o Dante esta emo ou não. Talvez faça uma análise do jogo, mas pra resumir, caso alguém queira saber, achei o jogo ótimo e o novo Dante bem carismático e, claro, a trilha sonora muito boa, guardadas aos seus exatos momentos.

O que reparei muito dentro das minhas horas de jogo foi como os desenvolvedores da Ninja Theory conseguiram reformular a história da franquia com uma pegada mais "pé no chão", podendo até soar estranho falando de um jogo como Devil May Cry, e como eles conseguiram satirizar todo nosso sistema de sociedade e mídia. Não precisar ser um leitor de Max Webber, ou de qualquer outro sociólogo, pra perceber isso, apenas preste atenção e esqueça a ideia que em hack'n'slash você deve apenas apertar botões.

Em primeiro plano, é interessante ressaltar o mundo de DmC como um todo. Governado por demônios a anos - ou melhor, demônio, Mundus - a Terra e seus habitantes se transformaram em ferramentas de trabalho escravo para os seres malignos. Não demonstrando nenhuma resistência (falo disso já já), as pessoas vivem suas vidas rotineiras, assim como as nossas, idolatrando celebridades, jornalistas e empresários que aparentemente são um símbolo, uma imagem a ser seguida, quando, na verdade, são demônios disfarçados que apenas mostram sua verdadeira face no Limbo, mundo alternativo do game onde você passa maior tempo. Agora, pare e pense nesse quesito: quem você idolatra? Quem realmente é essa pessoa? O que ela fez pra ser idolatrada?

No game, há um demônio que é conhecido pelos humanos como Bob Barbas, um repórter sensacionalista, quase como um Datena aqui em terras tupiniquins, que tinge Dante como um terrorista que DEVE ser eliminado, o mais interessante é seu bordão: Just doing God's work! (Apenas fazendo o trabalho de Deus). Em mais um instante, peço que pare pra raciocinar: no que você acredita? Qual (ou quais) veículo de comunicação você mais utiliza? Quem você considera um formador de opinião? A SUA opinião?

Em uma parte mais avançada do game, passamos por uma parte semelhante à uma boate onde se enfrenta a icônica demônio Lilith. No game, ela se faz passar como dona de uma casa noturna, aparentemente bem procurada. Essa questão passa a ser pela loucura (e beleza) gráfica do game. Tudo parece uma rave, clipe musical, com ondas sonoras, músicas "dubstep", etc. Aqui talvez seja um ponto mais pessoal, mas como estou quase criando uma teoria da conspiração, que se dane: por que você tem necessidade de estar fora de casa? Por que você precisa beber ou tomar comprimidos para estar "bem louco(a)"? Estou falando sobre sociedade e não sobre saúde, não vou tocar no assunto dos efeitos negativos disso.

Meu ponto é o seguinte: o que você entende por "sociedade"? O que é esse sistema controlador, abusivo e desigual onde vivemos? Não aparentamos resistência, estamos acomodados. No game, os demônios produziram um refrigerante chamado de Vitality que, além do controle, causa obesidade e impotência, mas no mundo é vendido como "a bebida que diminui a obesidade e é responsável por 60% da sua performance sexual". Qual é o nosso refrigerante na vida real? Não precisa ir longe pra ver isso, veja como os brasileiros são conformados na situação onde vivem. Há um plano muito maior de discussão sobre isso, mas em certos casos não precisa dar uma de intelectual sobre o assunto. A maior parte da população esta controlada, submissa à vontade de corruptos engravatados (nada contra terno e gravata), de "profissionais" sensacionalistas e de uma vida de mentira, usada pra fugir dos problemas.

Não quero que meu texto vire clichê, apresentando solução que todos já estão cansados de saber. Leia mais, se informe mais, não acredite em tudo que vê, duvide, questione, critique, não aceite tudo de cabeça baixa, etc, são todos conselhos que escutamos por toda a vida, seja em casa ou na escola mas que, aparentemente, ninguém segue, ninguém. Se fossemos essas pessoas que, teoricamente, somos construídas para ser, nossa realidade não seria tão facilmente desenhada por um jogo que nem ao menos tem o compromisso disso.

Fiquem com uma das músicas mais legais de toda a matança do jogo e pensem sobre o assunto. Ah, joguem também, seja pra tirar suas próprias conclusões ou pra se divertir mesmo.


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